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Sobre

O Portal CRUSP Transparência foi criado com o objetivo de mostrar a verdadeira realidade dos moradores do CRUSP para a Comunidade USP e sociedade em geral.

A iniciativa vem dos moradores do bloco F, que se articularam de forma autônoma para buscar soluções efetivas para as questões da moradia, especialmente frente à pandemia do novo coronavírus, Covid-19.

Contexto

Frente a evolução em progressão geométrica das vítimas pelo coronavírus, os casos confirmados na comunidade USP, a precariedade do Hospital Universitário, a quarentena em curso, calamidade pública declarada pelo Estado de São Paulo e a situação dos estudantes residentes no CRUSP (vulnerabilidade econômica e social, crianças, idosos, imunossuprimidos, com doenças crônicas e patologias de base), iniciou-se a busca pela resolução de problemas estruturais históricos de uma das maiores moradias estudantis do país.

Nossas reivindicações:

- um representante do CRUSP no Comitê Permanente USP COVID-19;

- manutenção imediata das cozinhas: troca de lâmpadas, tomadas, manutenção nos dutos e religamento do gás encanado, fogões funcionando, instalação de torneiras e manutenção nas pias/encanamento possibilitando, assim, alternativas seguras de alimentação;

- manutenção nos blocos: reparos elétricos/hidráulicos, instalação de luz nos corredores, mobília mínima nos apartamentos, dedetização contra pragas, lavanderias com máquinas de lavar e secadoras funcionando, reabertura das salas de estudos/vídeo e instalação de internet nos apartamentos, para garantir permanência mínima e em condição salutar;

- garantia de distribuição dos medicamentos de uso contínuo e controlado, tais como insulina, benzodiazepínicos, ansiolíticos, antihipertensivos, anticoagulantes, moduladores de humor, anticonvulsivantes, entre outros;

- aumento da segurança: porteiros nos blocos, uma vez que com o campus esvaziado, ficamos mais suscetíveis a furtos e invasões de apartamentos (como já ocorrido no último recesso em dezembro de 2019) e restrição total de acesso ao campus à comunidade externa;

- dispensa imediata dos trabalhadores terceirizados para que possam cumprir a quarentena e a manutenção de seus salários, garantindo que se cumpram todos os seus direitos;

- propostas de alternativas de alimentação: seja através da distribuição de alimentos ou auxílio financeiro.

O que tem sido feito - Lista Cronológica

No dia 11 de março foi noticiado o contágio de um aluno USP com covid-19. Em 12 de março, preocupados com a situação do CRUSP, nós moradores entregamos a primeira carta à SAS.

No dia 17 de março, por volta das 11hrs, foi realizada uma reunião com SAS na presença de integrantes da AMORCRUSP e demais moradores. Nesta reunião, foram prometidas as reformas das cozinhas (pelo menos uma cozinha por bloco) e a instalação dos dispensers de álcool gel (nas portarias, elevadores, e 1 por andar) com prazo de entrega até sexta, 20, como mencionado no e-mail da SAS do dia 18 de março. O conteúdo destas cartas, bem como outros dados, estão disponíveis em https://crusptransparencia.github.io/documentos. O cárater emergencial aparentemente não foi atendido.

No dia 20 de março, foi protocolada uma carta na Reitoria, cujo documento não tivemos sequer resposta.

No dia 21 de março, a SAS firmou um acordo com o bandejão da empresa BÁSICA garantindo o seu funcionamento.

Também em 21 de março foi realizada assembleia dos moradores do bloco F, em que foram deliberadas quatro frentes de atuação, sendo as comissões de “dados”, “midia”, “interCRUSP” e “ação”. Foi discutido qual seria o nosso próximo passo, que, acordado em assembleia, decidimos buscar o apoio da opinião pública, através da midia, para pressionar medidas vindas dos gabinetes, seja da reitoria, ou da SAS.

Foi decidido, em diálogo com as então criadas frentes de atuação, que deveríamos centralizar nossas informações através de um único canal. Este canal foi criado e está disponível para todes em https://crusptransparencia.github.io.

Em 22 de março foi publicada a nota de repúdio pelo Centro Acadêmico XXV de Janeiro, da FOUSP, devido a situação de vulnerabilidade dos estudantes do CRUSP. Também em 22 de março foi elaborada a Carta à mídia, onde foram sintetizadas as nossas reivindicações.

Em 23 de março, tendo em vista que tentamos todas as vias institucionais de comunicação sem êxito, acionamos a imprensa. Neste dia, foi publicada a primeira notícia sobre a situação cruspiana, no Jornal O Globo. Apenas em 23 de março, após os acontecimentos listados, recebemos o primeiro e-mail da SAS de caráter informativo devido à situação da pandemia. Também neste dia, os moradores tentaram protocolar mais duas cartas ao gabinete da SAS e ao gabinete do reitor, representando alunos de graduação e pós-graduação. Ambas as cartas não puderem ser protocoladas por falta de contingentes nos dois gabinetes.

Em 24 de março iniciou-se período de quarentena no campus, com suspensão das aulas e controle de acesso ao campus da Cidade Universitária. Os dispensers foram instalados, que foram prometidos para 20 de março, só foram entregues no dia 24, de forma muito mais restrita que o prometido inicialmente.

No dia 26 de março, o Bloco das Mães recebeu presencialmente a primeira parte da distribuição, contendo detergente, água sanitária e 3 sacos de lixo.

No dia 28 de março tivemos a primeira morte no Campus, no Hospital Universitário, por COVID-19.

Em 31 de março, recebemos os informes da SAS sobre situação da alimentação, higiene e segurança. Apenas algumas demandas das reivindicações apresentadas foram atendidas. Foram comunicadas a distribuição de marmitas sendo entregues no bloco das mães, a disponibilização de 4 computadores na Faculdade de Odontologia, a orientação sobre atendimento no Centro de Saúde Escola Butantã (FMUSP), e o reforço do serviço de segurança no Crusp.

Após a criação do Comitê de Crise para o CRUSP, uma iniciativa dos moradores do bloco F juntamente com o corpo docente do departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, Pró Reitoria de Graduação, Superintendência da SAS e em parceria com a UBS Butantã. O grupo de saúde firmado vai atuar em rede com as unidades de saúde próximo ao campus para adotar medidas preventivas e estabelecer protocolos frente a um possível caso confirmado de COVID-19 dentro do CRUSP.

Houve a distribuição de álcool gel (sem o selo do Inmetro), multiuso, sabão em barra e desinfetante. A distribuição e marmitas também mudou. Foi instruído a distância mínima entre os alunos na fila, as refeições das crianças passaram a ser entregues em domicílio. Também foi recuperada a gratuidade e meia tarifa das passagens de transporte coletivo de alunos da área da saúde, com aulas práticas e/ou estágios obrigatórios nos meses de abril e maio. Porém, os demais alunos que eventualmente precisem de atendimento médico externo ou qualquer outro motivo que naturalmente gere a necessidade de utilizar o transporte público permanecem com seu direito ao benefício de estudante negado.

Em 1ª de abril foi distribuído a primeira parte do kit de limpeza provido pela SAS aos moradores do CRUSP.

Em 3 de abril, a SAS enviou uma Nota de Esclarecimento em relação à reportagem publicada pelo The Intercept Brasil. Neste documento, a SAS afirma que o não funcionamento das cozinhas e lavanderias se devem ao mau uso.

Esta fala representa, no mínimo, a postura da SAS de se eximir diante das suas responsabilidades administrativas. Estamos denunciando a precarização das instalações em todas as instâncias. Não conseguimos lavar nossa própria roupa porque não existem mais lavanderias e não podemos ter eletrodomésticos dentro dos apartamentos devido a estrutura elétrica. A estrutura elétrica é antiga e já tivemos ocorrências de incêndio. Alguns dos recipientes de álcool gel instalados recentemente foram roubados, consequência de um problema recorrente de segurança que temos em todos os blocos da moradia. Não conseguimos cozinhar e aos finais de semana só temos uma refeição (almoço). Não podemos ter nenhum tipo de renda, senão perdemos o direito à moradia e à alimentação. Ao mesmo tempo, não temos garantido pela Instituição nossos direitos básicos, previstos pela resolução nº 4348 e nº 4349, do ano de 1997 referente ao regimento e ao regulamento do conjunto residencial da USP em caráter de deveres, artigo 1º - parágrafo 2º: "O morador deve ter garantido o direito de moradia de qualidade, que atenda suas necessidades básicas de estudante e cidadão." Vale ressaltar que, ao mesmo tempo em que a Universidade se propõe a ser mais democrática, aumentando o número de cotas raciais e socioeconômicas, a política de permanência estudantil não acompanha esse movimento.

Quantos funcionários trabalham na manutenção que atende mais de 1500 estudantes? Quantos anos não há reforma das dependências citadas? Insinuar roubo e mal uso dessas dependências sem nunca ter sequer divulgado a prestação de contas dos gastos, e os relatórios de manutenção é, no mínimo, hipocrisia.

Com relação à internet, a SAS alega que o CRUSP tem uma estrutura muito antiga, com paredes muito grossas e janelas insuficientes, e que há um projeto da STI de uma saída para este problema que está prestes a entrar em processo de contratação. Válido lembrar que enquanto moradores, sabemos que as paredes do CRUSP não são grossas.

No dia 07 de abril, a Frente Universitária de Combate ao Covid-19 iniciou o mapeamento de saúde da comunidade cruspiana, com o apoio do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP e dos profissionais de saúde da UBS Butantã.

Em 08 de abril a SAS enviou um formulário de levantamento epidemiológico do CRUSP.

Também em 08 de abril foi distribuído o primeiro lote de modens de internet disponibilizado para os alunos do CRUSP conseguirem cumprir as atividades EAD. Muitos alunos não encontraram seus nomes na lista ou não tiveram sua questão com o EAD resolvida por não terem computador.

Até então, dia 10/04, não há esboço de reformas nas cozinhas, nem religamento do gás de cozinha, tampouco lavanderias ou instalação de internet.